Tuesday, April 26, 2005

Religião

Prenderam-me numa cama e me fizeram rezar. Prometo que implorar não vou mais, só quero me soltar e viver em paz. Desisto desse rumo, ou mando embora estes intrusos. Tomo Coca-Cola e depois assumo, que é só assim que eu vivo e depois sumo. Fugir é sempre uma vontade, mas eu fico e me descontrolo. Só não sei como não me enrolo... Mentindo para mim mesma; quem sabe sou a mesma que olha no espelho e depois aumenta. A minha inoscência sempre aumenta, meu mundo, minha fantasia. Tento sempre diminuir essa tal de realidade. Faço parte de meus planos, mas algo sempre me empurra para trás. Orar para não doer mais, são as cordas que me prendem mas, prevenida, aqui mostro minhas estacas. Minhas flechas, minha defesa. Enquanto minhas bochechas ardem, avermelhadas talvez, subo e espero a minha vez. Sem chances, choro e me desarmo. Demonstro tal fragilidade pois ainda não tenho idade. Meu anjo... Cadê você. Volte para me fazer compania, não quero ficar sozinha. Traga seus bandolins e sente pertinho de mim. Cante para eu dormir. Meus olhos estão tão cansados...
Me entrego.
Espero e soluço enquanto nego,
Me apego.
Espero enquanto brinco de Lego,
Não me entrego.
Me apego.
Me deixe na minha eterna infância com meus anjos e demônios, e não destrua a imagem desta criança. Não sei brincar de gente grande e não sei se quero seguir adiante.
Torço o meu nariz,
Enquanto desenho com giz.
Me sujei, mas não vou me encher de lamúrias. A criança logo esquece, aquilo que desaparece. Memórias são insuficientes para tanto desinteresse. Desapareça... Antes que eu te esqueça. Não me faça rir, já não posso mais ir.
Com quem EU falo.
Com QUEM eu falo.
Quem, eu?

1 comment:

Guto de Lima said...

Linda, que lindo isso que tu escreve.. nunca imaginei. Mas sempre senti, sempre senti uma mulher criança mas também misteriosa. Segredinho bom este. Muitas linhas pra você.

Beijo na testa.