Friday, September 27, 2013

My Facebook travel tips


"Tem dias que a saudade
do desconhecido
fica tão grande
que eu chego a me perder
em seu estranho
silêncio"


Milena Celli
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Fortaleza

Você deita em uma rede numa sacada as 23 hrs da noite de vestidinho fresquinho e de longe ouve o trio elétrico. Tomou banho gelado e comeu acerola pela manhã. Conheceu pessoas que pareceram amizades antigas com coincidências estilo todo mundo é da mesma turma. Você sabe que é inverno mas se sente no verão. Você conclui que talvez seu coração seja nordestino.

Marrakesh

Você atravessa o oceano e chega na África. Sente um bafo quente que pesa no corpo todo. Descobre o que é 50 graus. Nas ruas estreitas tem pessoas, motos e carroças. Atravessando uma porta você está em um lugar fresco e tranquilo. Janta como uma rainha.Ouve pessoas cantando em mesquitas. Sobe em um terraço e vê estrelas. Você está na medina, você está em marrakesh.

**Viajar é perceber que é preciso deixar muitos achismos e preconceitos de lado para se abrir a uma nova cultura e um novo mundo. Assim nos tornamos parte dela e podemos sentir como seria se morássemos em outro sitio. O medo também vai embora, dando lugar para outras belas sensações humanas.

Lisboa

Ser recebida na casa de brasileiros queridos. Caminhar entre becos e sentir-se segura. Comprar coisas antigas na feira da ladra. Encantar-se com azulejos e paralelepípedos na rua. Comer bacalhau. Falar português em outro país. Subir escadas íngremes e lembrar que você tem uma panturrilha, isso é Lisboa.

Roma

Namorar e acordar mais tarde. Ir ao mercado e se impressionar tanto com as comidinhas que você resolve fazer almoço delas. Apaixonar-se pelo Colosseo. Andar de scooter abraçada no amor da vida por ruelas, monumentos e pessoas. Ouvir italiano nas ruas. Se entupir de gelato. Assistir o pôr-do-sol na parte mais alta da cidade. Mergulhar os pés cansados em uma das fontes de Roma a noite. Ah, um dia de verão em Roma ♡

Toscana

Pegar estrada sem hora pra voltar. Atravessar campos de girassóis. Avistar cidades medievais. Almoçar em vilarejos perdidos. Tomar vinho em ruas de mais de 500 anos. Comer muito creme de avelã. Sentir-se em um filme de cinema, isso é o charme da Toscana.

Veneza

Parece um sonho. Você passa por lindas pontes e logo vê gôndolas e reflexos de casinhas coloridas na água. Existe um cheiro de romance no ar. Chega a se perder nas ruelas e se encanta com ateliêrs e seus artistas que parecem terem saído de um desenho animado. Toma um vinho com tábua de queijos em uma biboca meio pirata de frente para o canal. Procura uma máscara veneziana para chamar de sua. Imagina pessoas dançando e cantando nas ruas e flutua. Feita para sonhadores e romancistas, Venezia.

Paris

Indo contra o fluxo da ideia que geralmente temos e ouvimos de outros países ganhei uma carona de uma francesa no aeroporto de Paris no melhor estilo Amélie Poulain.

**As bicicletas andam no mesmo lugar dos ônibus e mesmo os franceses sendo meio malucos e buzineiros no trânsito é mais fácil andar aqui do que em Curitiba. Subidas não existem, temos um espaço no asfalto, as bikes para alugar tem um preço acessível e estão por todos os lugares. A sinalização para bikes EXISTE. Também vi uma batida com um carro e uma bike e a polícia chegou em menos de um minuto, fantástico.

Lição de casa

Será que o mundo diminuiu ou fui eu que fiquei grande? O melhor verão de agosto da minha vida deixará saudades.

A minha ida a Marrakesh me marcou demais, e hoje no meu aniversário quero dividir com meus amigos a felicidade que foi chegar lá. Quero motivar e encorajar você a fazer as coisas que mais deseja mesmo sentindo dentro de você que é loucura demais realizar aquele sonho que parece que não cabe na sua vida. Pois bem, o caminho até lá foi árduo. Primeiro que tentei desistir de todas as formas dessa viagem e se não fosse o Ibraim me encorajando eu realmente não teria ido. Depois atravessei o oceano em um avião, o que para mim é realmente assustador mas para minha surpresa nada aconteceu e eu não morri. Quando estávamos já sobrevoando a África eu olhava na janela e só via uma terra seca amarela e a única coisa que passava pela minha cabeça era o momento que eu iria passar mal das minhas alergias, fora o medo do calor do verão africano que eu sabia que estava lá fora. Quando desci do avião (e lá você desce do avião e sem frescura sai correndo pra dentro do aeroporto), eu senti. Um calor pesado tomou conta do meu corpo, um ar quente e estranho entrando pelas minhas narinas quase me sufocou e eu percebi que aquela cena de super filme savana africana estava acontecendo comigo. Voltei pra realidade com o Ibraim virando pra mim com as malas em câmera lenta (e com vento) dizendo "Isso é África". Entrei no aeroporto pensando ok, acho que consigo ir embora hoje mesmo daqui. Fui me distraindo com o movimento do aeroporto e logo vi que estava me encorajando novamente lembrando a mim mesma "são apenas 5 dias". Logo fomos recebidos pelo motorista do riad muito simpático, foi nos contando que estava 50 graus. Ele nos deixou em uma rua onde não trafegam carros, a parte da medina. O dono do riad veio nos buscar a pé e o choque final foi sair do carro e ver uma bagunça de gente, carroça, crianças, sujeira, gente encoberta tudojuntonomesmolugar. Caminhando até o riad eu sentia minhas pernas queimando, eu estava em um labirinto. Quando cheguei no riad eu já não reconhecia mais meus sentimentos. Divagando horas ou dias depois com o Ibraim fui percebendo que depois de tantos choques internos e culturais eu tinha virado outra pessoa. Aliás eu me sentia outra pessoa. Parecia que eu tinha acabado de nascer, eu não era mais a Milena com medo em Curitiba. Eu era a Milena aventureira em Marrakesh! E foram tantos insights positivos nessa viagem que eu precisaria de dias para contar detalhadamente. Mas o que eu queria dizer mesmo pra vocês é que realmente vale a pena morrer de vez enquando. Feliz vida nova pra vocês também, pessoal! 

Dolce Vita

Era óbvio e ela já sabia.
É lógico que se apaixonaria!

Vivia
via
pedaços dessa vida.

É bonita!
Ela dizia.

E logo se derretia.