Tuesday, April 11, 2006

Aqui jaz

Tem vezes que eu morro e me enterro. Só não berro porquê não tolero, vou ao mosteiro e penso, e nego. Essa minha birra tão ranzinza. Tão menina... Tão perdida que acabo sozinha fora da rotina. Descobri que colocaram uma corrente de aço na minha porta que teria o acesso ao mundo dos adultos e eu sozinha não consigo arrebentá-la. Quem seria tão mau a ponto de deixar-me deste lado de fora! Como ousa, tal elemento. Como ousa cuspir na minha realidade presente, que é a única coisa que tenho, que é a única coisa que almejo. Tenho nojo. Nojo de arquivos mofados através do tempo. Hoje precisei correr um pouco mais pelo corredor que me encontro do lado de fora que acabei ficando de um lado para o outro suando, ousando. Só que além das correntes descobri que especialmente hoje haviam também baratas sujas e imundas, sussurando em ouvidos alheios, muito feio. Não estou mentindo, sem rodeios! Bichos os quais me deixaram nauseada ao ver tanta hipocrisia, tanta paralisia de um mundo que é só meu e ninguém mais entende... Mas eu preciso mesmo entrar por essa porta, não importa quais os lixos que irei encontrar por ali, ou por lá. Lembrei-me agora até de um fato importante: deixei meu escudo em casa. Não pelo fato de esquece-lo mas sim, por não poder mais carregá-lo. Que fardo! Estou sozinha e meu caminho, amordaçado. Onde está meu gado. Onde está meu eu amado...

Tuesday, April 04, 2006

24 hrs

Tem dias que eu acordo e acho que a minha vida está ao contrário. Tem dias que eu nem percebo e me pego olhando o horário... O relógio se atrasa, mas está sempre na hora certa. Olho para cima e para baixo, que horas são, são oito horas. Mas todos os meus dias são dias, sejam quais dias são. Me pergunto sozinha desde então o porquê me confundo tanto com esta minha coleção de dias sem noção. Fico perdida e a hora me enrola, me degrado no tempo e acabo me perguntando de novo qual era mesmo aquela minha antiga primeira questão. Vai dia, menos dia, o que me importa agora esse dia que tanto me seduziu ao sair... Não quero mais me iludir.

Entra tempo
não se acalma
vai embora
faz a hora
e sai agora.

Fecha a porta e não demora,
sai lá fora e perde a hora.

Quanto lero!
Não te espero.
Pico pato lero.