Friday, May 27, 2005

Vozes

Não diga que não me escuta; tenho olhos e boca. Em falso, poderei esmagar os seus pudins com toda a força. Não diga que não me entende se eu nem te expliquei algo, ao menos sequer diluí seus pensamentos nos meus. Enquanto a vida passa, enquanto o meu exemplo se torna impossível de ser demostrado, enquanto ainda não é possível... Não me enrole em fitas de barbantes. Não cante para mim aquela sua canção gritante. Não me amole, sabes que não sou mole. Escuto com meus sentidos o que não me vem em matéria. Não me importo se pareço um pouco louca... Talvez. Me sinto sem orgulho por não investir em meus atributos, vou dar espaço ao tributo infinito que nunca acaba. Estou falando daquele sentimento louco que passa por entre os ventos em devaneio e desvia meu olhar para outro canto. Cale-se, não posso mais ouvir os seus passos. O seu silêncio me irrita, sua calamidade me faz falta. Escreva algo em minha testa enquanto eu estiver dormindo, talvez surta algum efeito. Espero que não seja colateral... Já chega dessas dedicatórias. Minha mente precisa estar em outro lugar. Não consigo me concentrar. Preciso de um suspiro ou eu piro. Não quero mais fazer parte dessa roda, não quero mais viver em câmera lenta. Deleto tudo o que foi, e apago tudo o que será. De nada me serve essa revolta, esse stress, preciso de um tempo. Meu tempo não pára, só me enerva. Com os nervos atrofiados, fico em constante turbulência. Preciso hibernar; me congele. Seria mais interessante do que continuar neste colégio. Cansei de escutar essa história, estou cansada de brincar dessa brincadeira, não brinco mais!
Pronto!
Vou chorar no meu canto,
Enquanto enxugo o meu pranto.
Não me traga toalhas, lenços já bastam.
Já passou...
Vi minha vida, minha pequena vida ilustre vida em um mini-pedaço de papel. Em um lenço umidecido de lágrimas...
Já secou.
Saia enquanto pode. Não fique em minha compania enquanto meus olhos estão fechados. Siga os sinos que tocam e me esqueça enquanto a tempo. Não fale para trás, volte enquanto ainda não foi. Confusa, penso em uma solução.
Como posso?
Se meus soluços não tocam seu coração...

Wednesday, May 11, 2005

Olhares

Gostaria de poder olhar minha vida do lado de fora. Arrumar todos os erros, apagar todos os defeitos e limpar todos os mal feitos. Queria poder ver com os olhos que não tenho, aquilo que não tenho conhecimento de eu mesma. Queria um novo olhar. Um olhar que não me pertence. Um olho que não faz juz a mim, um olho que olhe para mim como olha para os outros. Mas que me pertence, e ao mesmo tempo sendo meu, olhe as coisas como são, e não como meu olho gostaria que fosse. Meu olho faz assim, distorce as imagens que passam por mim. Faz tudo parecer mais belo do que realmente é. E então, eu vou vivendo na ilusão que meus olhos vêem para mim. Queria tanto olhos normais... Para não sofrer mais. Meu cérebro percebe, e conta aos meus sentidos. Que se embaralham com tantos bailados! Meus olhos não são bitolados! Me deixam maluca com tanto emaranhado... Me pergunto porquê não vejo dali, e porquê sim vejo daqui. Embaçados meus olhos estão, uma venda coloquei desde então. Vendada enlaço meus pés, embaraço meus fios de cabelos e içadas deixo minhas mãos. Suor enquanto me engasgo, contando a minha história um gago, vulgo meu próprio nome eu pago, um salário ao contrário... Ao funerário.